Nestes últimos dias da primeira década do século XXI, desejaria compartilhar por escrito algo sobre o Chamado. Como este negócio virou banalização e desconhecimento do teor escriturístico, esboço aqui algumas posições paulinas.
Deus tem neste tempo Chamado seus escolhidos para dar continuidade a tarefa de conduzir Sua Igreja na Terra. O momento não é singular, fácil e tranquilo. Ao contrário é múltiplo, difícil e conturbado. Uma nova geração tem se estabelecido nestes tempos ruidosos e com isto uma nova filosofia de ministério tem brotado no meio evangélico. O mundo, mais do que nunca, carece de respostas sobre a direção eterna, já que o impacto gigantesco em suas mentes com a banalização do espiritual os tem conduzido cada vez mais a questionar quem são os que vem em nome do Senhor.
Paulo em sua última carta a Timóteo rabisca suas últimas palavras e com elas os princípios sobre este particular - o chamado na vida dos escolhidos de Deus ao santo ministério. Não há nestes escritos orientações sobre as estruturas políticas denominacionais, nem um plano de objetivos estatísticos, nem um dossiê de tarefas sacerdotais e muito menos alusão a valores do estético, intelecto e carisma. Simplesmente expõe as exigências divinas imutáveis de Deus para todos os que recebem a missão no Seu serviço. Paulo olha a santa eleição com qualificações que se esperam na vida do pastor.
Chamado exige uma consciência pura (Cap 1:3. Engessamento da consciência é um alerta, já que facilmente ocorre no transcurso do ministério tal deslize. Em dias atuais, tal procedimento, é modelado pelas desculpas de atitudes dissociadas da responsabilidade imperante na Palavra. Consciência pura é aquilo que se encontra inerente em si - sintonia com Deus e com o próximo:"faço memória de ti em minhas orações -v-3b; lembro-me de tuas lágrimas e trago á memória a fé não fingida -v-5a.
O momento atual deve-se ressaltar tais assertivas na vida do pastor deste século. O pastor deve possuir a marca de oração, solidariedade e veracidade do seu comprometimento com Cristo e com o próximo. Mas a grande realidade é que tais princípios não parecem muito relevantes para o momento atual para o desempenho do serviço do Reino. Note que falei no serviço do Reino e nele não há espaço de se abrir mão destas preciosas exigências. Alertar os pastores a oração, por exemplo (na mensagem dos Superintendentes Gerais da Igreja do Nazareno), é reativar a mente a permanecer com a consciência pura no que tange a sustentabilidade espiritual. Chamado exige consciência pura, a fim de dar suporte as outras exigências que se seguirão na exposição paulina.
Um segundo momento é que Chamado implica em sofrimento. “Sofre pois comigo as aflições, como um bom soldado de Cristo” Cap 2:3. O sofrimento aqui não é uma vida de dor dos auto-flagelos da consciência ou do clausto egoísta da fuga; mas vales de aperfeiçoamento e formação do caráter erpiritual.
Uma boa parte de nossa vida no serviço de Deus será confrontada com oposições, difamações, incompreenções e abandonos por aqueles que estão bem perto de nós. Os sofrimentos na vida de Davi foram expressos em suas súplicas, dor, clamor e ações de graça em boa parte do Salmos, deixando um verdadeiro legado do coração Chamado por Deus. Porém, este tempo parece contradizer isto. A priorização do “eu” e do não “tu” em oposição a “.... tudo sofro por amor dos escolhidos” –v-10, “... tenho grande tristeza e continua dor no meu coração” – Rm 9:2 tem grande força ao contradizer as verdades das Sagradas Escrituras. Não está preparado aqui implica em dificuldades para o próximo quisito.
Um terceiro momento, revelado é que Chamado requer visão do contexto - Cap 3:1b. O contexto é o teatro de operações da igreja. Distante das realidades da época dos apóstolos, o mundo que vivemos é mal em todos os sentidos, o qual cumprem-se nas palavras paulinas quando diz: “...sobrevirão tempos trabalhosos” v-1 Mas por quê trabalhosos? Porque estes serão, se já não são, a realidade dos últimos tempos onde o Chamado deverá se mostrar eficaz convincente e imaculado.
Estamos interpolados numa sociedade cada vez mais adversa a Deus, onde temos que marcar posições cada vez mais definidas e não se deixar conduzir por aqueles que “...nunca podem chegar ao conhecimento da verdade” –v-7b e que deixa a nítida impressão de uma decisão definitiva em se aliar ao pecado, sem saber das consequências eternas que ele produz. O contexto será sempre a realidade pastoral ou para se ir de encontro (se opondo as inverdades e o pecado) ou ao encontro (amando o povo e conduzindo a salvação). Este requer um quisito de sabedoria.
Chamado obriga a pregar a Palavra - Cap 4:2a. Nunca vi púlpitos tão superficialistas como nos dias de hoje. Uma pobreza generalizada quanto a exposição da mensagem se desencadeou em boa parte das igrejas evangélicas. Existe hoje mais a preocupação na destreza das construções, do poder e da mercantilização, nada que nos leve a ligar este fatos com a Reforma, do que a priorização da salvação da alma e da mudança de vida. A hermenêutica foi crucificada em resposta ao grande número dos que buscam milagres e a vida desconpromissada com Deus, ao passo que deveria ressuscitar as verdades bíblicas a fim de combater a falsa mensagem egocentrista e elevar a cristocêntrica.
Penso no que Paulo diz:” ...pregues a palavra...” –v-2a. Pregar a Palavra não é pregar o que se deduz, o que se acha, o que se quer. Menos ainda, inferir no texto alegorias e inverdades, a fim de alimentar a inanição espiritual do povo pela capacidade retórica, persuasiva e criativa nas amálgamas teológicas que reluz a cor do liberalismo, untadas pela teologia do amor divino e amparada na teologia da justiça divina sem impunidade. Estes teem sido os métodos que uma orda de cristãos aprendem a degerir a não verdade, mas as ideologias humanas que fazem “....presa sua, por meio de filosofias....” Col. 2:8a, se inclinam de bom grado a grandes mágicos, mentirosos e usurpadores e "amontoam para si doutores conforme suas concupisciências..” Cap 4:3b.
Pregar a Palavra é um compromisso que cada pastor tem com as verdades de Deus. Pregar bem a Palavra é estar "aprovado diante de Deus, não se envergonhar dela e manejá-la verdadeiramente – 2:15. Portanto, o Chamado tem implicações não somente diante das exigências humanas, mas implicações com você mesmo, com o próximo e com a verdade divina diante de Quem o Chamou.
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