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terça-feira, 27 de outubro de 2009

A BÍBLIA NÃO É UM MANUAL DE MAUS COSTUMES

Recentemente, enviei um e-mail a um nobre colega em Cabo Verde, reagindo aos seus pedidos de oração em relação aos acontecimentos no Hamas quanto a oficialização de casamentos infantis. Um trecho do meu e-mail dizia:

"Estamos em dias difícieis. Por todo lado do mundo recebemos e vemos notícias da proliferação do pecado. A violência tem sido institucionaliza por meio de facções religiosas, por meio de facções marginalizadas e por meio de facções governamentais. Podemos talvez entender o que está ocorrendo. O evangelho deixou de ser pregado e ensinado em sua essência simples. Como membros do Corpo de Cristo, estamos mais preocupados com o status e o dinheiro que podemos adquirir do que com a dissiminação da Verdade. Com a libertação dos cativos. Fazemos violência dentro do próprio Arraial. Por isso, que Saramago (Premio Nobel de Literatura em 98), recentemente comentou que a Bíblia "é um manual de maus costumes. Não concordo com ele, pois ele está longe de entender os princípios da revelação de Deus ao homem, porém concordo que, muitas vezes, somos protagonistas destes maus costumes também no nosso século".

Ao refletir mais sobre a qualificação dada por Saramago "a Bíblia um manual de maus costumes" pensei em conduzir o leque do entendimento para o texto bíblico nunca como um manual (qualquer), menos ainda de "maus costumes", mas como o Manual (único), no relato da transparência da relação homem sem Deus e Deus em busca do homem no universo existente.

Como não poderia deixar de ser, em nenhum momento da revelação bíblica Deus descreve uma utopia da história humana. Ela está marcada, em seu texto, tanto pelo mau comportamento e violência demonstradas nas consequências produzidas pelo pecado do homem no confronto com o Seu Criador; como pela busca dEste na recondução do homem à Sua presença pela eliminação da maldade e violência por meio de Sua infinita graça e misericórdia.

Sem Deus, o pecado sempre irá criar deformações psicossomáticas no homem, produzindo relacionamentos distorcidos no meio mortal e contra o Imortal. Seria patético a Bíblia não registrar Caim o assassino, Abiú e Anadabe os profanos, Davi o adultéro, Balaão o ganancioso, Jezabel a cruel, Ananias e Safira os mentirosos. Camuflaria o pecado,que na realidade nada mais é que a ausência do governo de Deus no coração humano, puramente para satisfazer o senso "ético e crítico" dos produtores de conhecimentos humanos sejam eles filósofos, literários e cientistas.

Que significado teria o Manual falar de um Salvador,já que salvação não teria sentido, exatamente por ser uma ação que livra do estado deplorável e de morte eterna, se o caos não é relatado? Para que finalidade serviu a morte de Cristo na cruz? O Manual nunca teve o escopo de saciar a razão humana, pelo contrário, desafia ir além e entrar no campo da fé. Sempre apontou para os contrastes (mal e bem; trevas e luz; baixo e alto; perdição e salvação, morte e vida), no intuito de destacar o divisor produzido entre o efêmero e o eterno.

Por isso, a metanarrativa bíblica é contestada tanto no campo da fé (milagres, salvação, céu e inferno) pelos existencialistas, como é alvo de críticas dos pós-modernistas, como as que fez Saramago, ao definir o real e vivencial ( maldade, violência e etc) como meramente a decadência dos maus ensinos bíblicos. O que Saramago não entende é que este Manual é a junção do racional, limitado e decaido com o eterno, ilimitado e glorioso no propósito de reconstrução da história humana sem o caos. "Vi um novo céu e uma nova terra..." Ap. 21:1

A pós-modernidade visa a desconstrução. Descaracteriza e busca destruir a verdade. É assim, os pensamentos dos plus-mordenistas (John Hick) que faz da encarnação de Cristo uma metáfora. Criticando a constatação do mal e da violência na narrativa, também rejeita a expiação de Cristo. Abre espaço para a pluralidade. A critica é da sua própria realidade sócio-político-religiosa exposta ao nu nos textos bíblicos.

Está lá! Todos os maus costumes: Adultério, prostituição, mentira, engano, violência, assinatos, roubos, homossexualismo, falsos deuses, para não sair dos mais clássicos, para mostrar que a degradação do homem é real. Não existe isenção desta veracidade: "Porque todos pecaram e destituidos estão da da glória de Deus" Rm 3:23. Como também estão lá todas as bens aventuranças (Mateus 5) e os grandes homens que entenderam que o único meio de se livrar do caos é se render a Cristo.

Ao Manual, cabe o relato verídico da história e a comprovação continua na sucessão histórica de quem é o homem sem Deus e o homem com Deus. Não é um Manual de maus costumes, mas o reflexo de nós mesmos sem Deus.
Cabe então, não sermos protagonistas do caos, mas sim antagonistas dele.

ERSilva

Um comentário:

Clayton Ferreira disse...

Olá irmão gostei do seu artigo
continua.
que Deus te abençoe