Lucas 24:1-12 é um daqueles textos que normalmente se faz uso somente para as mensagens do período da Páscoa. Carrega o selo de confirmação de tudo o que havia predito a respeito do Salvador do mundo: à providência miraculosa de Deus quanto a (encarnação, morte e ressurreição, a solução para o problema do pecado e da morte e a nova etapa na religiosidade humana.
Do texto, pode observar mais do que eventos históricos relevantes ao cristianismo. Ele (o texto) desenvolve em suas linhas, o movimento que cognominei de “movimento dos obstáculos” e que se levantam no transcurso da história da igreja.
Do texto, pode observar mais do que eventos históricos relevantes ao cristianismo. Ele (o texto) desenvolve em suas linhas, o movimento que cognominei de “movimento dos obstáculos” e que se levantam no transcurso da história da igreja.
XX séculos se passaram e mais do que nunca nos vemos diante das barreiras que assolaram os personagens da história da ressurreição. O tempo tem se encarregado de redirecionar o foco da verdade, onde a Igreja como corpo e o cristão como membro devem estar alertas a não se sentirem inclinados a trilharem. Em dias atuais, a igreja tem sido assolada pelo “movimento dos obstáculos”, Lucas textualiza suas bases da seguinte forma:
Uma busca naquilo que não existe vida –v-5
Sempre o foco de toda a existência da igreja girou na centralidade da ressurreição. Sem ressurreição não há cristianismo, o perdão inexiste, os milagres são mitos, a santidade é esforço e a salvação é utópica.. A indicação que a convergência da verdadeira religião, tarefa de busca do homem a Deus, somente se encontra nAquele que é vivo – Cristo Jesus demonstra que qualquer meio que não seja a Sua pessoa se torna simplesmente uma mal cheirosa atividade religiosa.
Infelizmente,a busca do Vivo tem sido onde não há vida. A questão não se torna somente um alerta ao mundão, mas a própria igreja.
O contexto globalizado tem gerado “cristãos” em cima da mescla do tudo permitido (da ministração religiosa liberal à enganosa estratégia administrativa) tudo em nome de Jesus. Não há preocupação com o caminho, o que importa é o final, ainda que vá de encontro as verdades bíblicas, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” vociferada por Jesus, vulnerabilizando os alicerces que solidificam a estrutura da igreja
A busca por qualquer fórmula, que dê uma mãozinha para Deus, no túmulo das atividades morta (νεκρῶν), tem tornado a liturgia, a teologia e a prática de vida da igreja do presente século numa constante atividade necrosada. Pode-se entender porque tais práticas são tão devastadoras em seu meio. νεκρῶν pode ser traduzido por morto (estado sem vida), mas também pode significar inefetivo (neologismo aqui) – impotente para responder. Aquilo que não é de Deus e onde Ele não está, qualquer fórmula se torna inefetiva para uma resposta da vida espiritual sadia. O que muitos dentro da igreja precisam entender, principalmente no momento histórico em que vivemos, é que a cosmovisão também deve ser convertida, se não é, continuará aliada as velhas práticas do mundo e tal ação é morta.
Uma verdade rejeitada –v-6-7
Outra coisa preocupante, que se deve esta alerta é quanto saber se a “verdade” é a verdade. Parece um paradoxo, mais não é!. O que tem ocorrido no meio da Igreja do século XXI não é só à distorção do texto (uma questão hermenêutica), mas uma interpolação do que o texto não diz (ir além do que está relatado). Penso que por isso, a expressão no verso 6 “...lembrai-vos” (μνήσθητε) no aoristo passivo, guardar na mente a atenção e considerações, é um chamar a atenção de nossa responsabilidade com os princípios do texto bíblico.
Os adereços que se constam na teologia não são de hoje. A busca por uma teologia facilitaria cai no gosto de muita gente É fácil verificar isto na história da igreja. O processo já começa no primeiro concílio apostólico narrado em Atos 15, avança para o concílio de Nícéia na questão de Ário, segue com várias interpolações na teologia até a Reforma, dá continuidade aos absurdos da distorção textual no apoio do concílio de Trento à salvação sem a exclusividade da justificação pela fé, prossegue com o surgimento do método histórico-crítico no final do século XVII e eleva o leitor a condição de autor e entra no pós-moderno numa verdadeira abstinência do labutare (Ser homem de oração, jejuar e aguardar a iluminação do Espírito). A opção pela teologia da não verdade conduziu a rejeição da teologia bíblica, se tornando o arcabouço dos interesses de homens para fomentar seus caprichos dentro e fora do ministério.
A II carta de João traz a nota preocupante no verso 9, que gostaria de inserir aqui para dar continuidade ao raciocínio. Quando João diz “Todo aquele que prevarica e não persevera a doutrina de Cristo não tem a Deus....” Prevaricar tem seu sentido no original ultrapassar, ir além (προάγων), verbo no particípio presente. Ignorar os limites da ortodoxia é avançar para as inverdades e consecutivamente para práticas que não condizem com o cristianismo bíblico, apostólico e histórico e que fatalmente tem como sentença a nítida rejeição de Deus (“... não tem Deus..”) sobre tais práticas dentro da igreja.
Por isso, somos testemunha de um momento da história da igreja que da ortodoxia à neo-ortoxodia, estamos presenciando o liberalismo religioso com toda força de expressão e; não venha dizer os mais espirituais que isto é somente acontecimentos para algumas denominações.
A igreja precisa discernir as pedras que se põem em seu caminho e saber fazer neste contexto a apologia com as verdades bíblicas. Ela só existirá aqui com o papel de militante e co-existirá na eternidade com o papel de triunfante se derem início a uma nova reforma nas inverdades que se instauraram dentro de suas cercanias e que a tem costurado à sua roupagem a depravação moral quando comparada ao guarda-roupa da igreja em Atos 2.
Uma ceticismo substituinte da fé –v-11
Infelizmente o ceticismo tem sido a bandeira que muitos têm levantado, não somente no mundo secular, mas também dentro da igreja. A pergunta que se suscita é como isto pode ser num momento crucial da história, onde o povo carece mais ter fé nas Sagradas Escrituras?
A grande realidade é que fé não é somente uma questão de crença. Tiago já havia sinalizado para a igreja quanto esta questão em sua carta 2:19 ao se referir que crença é também uma atividade inerente ao diabo.
Fé é um desprendimento da alma em aceitar tudo o que o Senhor deixou em Sua Palavra e nisto trazer à própria vida de Cristo para a nossa vida. Em outras palavras, fé é reconhecer a fidelidade de Deus para conosco (pensamento hebraico de Habacuque e de Paulo)
O termo usado por Lucas, λῆρος no verso 11 (delírio, prosa inacreditável, um senso não puro), me parece muito peculiar aos nossos dias no meio do povo “cristão”. Existe mais uma tendência a fé (puramente crença) que aceita a narrativa bíblica com restrições e anula a repetição dos fatos históricos dos milagres, ou mais especificamente do poder de Deus, na vida da igreja pós-moderna.
O caso específico da notícia da ressurreição de Jesus Cristo levou alguns apóstolos a credibilizar o fato como loucura. O ceticismo gera nulidade na vida espiritual na igreja porque o improvável realmente se torna improvável para os que nele se apóiam e nisto se nota a clara rejeição do poder de Deus e o estabelecimento da descrença humana. É tempo mais do que nunca, de um fortalecimento da fé nos eventos históricos miraculosos da Palavra e de vê-los atuante na vida de cada membro integrante do corpo de Cristo em processo repetitivo na história da pós-modernidade, a fim de que a igreja continue a exercer o papel sobrenatural em meio a tanta naturalidade e descrença. Somente uma nota a lembrar a igreja “Pela fé Estais de pé” (II Co. 1:24).
Portanto, em tempos tão ruidosos carece o povo de Deus estar embriagados de Sua Palavra. O conhecer e aplicar a Palavra precisam ser a realidade de vida do cristão como agente no mundo e do pastor como condutor da igreja. Se não, fatalmente seremos alvos também do “movimento dos obstáculos”que nos inclinarão a busca do morto, ir além da verdade e depreciar a fé.
Portanto, em tempos tão ruidosos carece o povo de Deus estar embriagados de Sua Palavra. O conhecer e aplicar a Palavra precisam ser a realidade de vida do cristão como agente no mundo e do pastor como condutor da igreja. Se não, fatalmente seremos alvos também do “movimento dos obstáculos”que nos inclinarão a busca do morto, ir além da verdade e depreciar a fé.
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