A declaração que Mateus faz em seu evangelho 24:4-14 nos obriga a pensar seriamente sobre as questões que envolvem a igreja de Cristo Jesus em tempos atuais.
Passamos a entender o que Mateus definiu como “princípios das dores”. Um alerta bem definido a fim de indicar os preparativos para a volta de Cristo Jesus, o arrebatamento da igreja e o estabelecimento do seu reino eterno.
Não muito distante disto, o quadro que até o tempo do discípulo era escatológico, se concretiza no presente momento da era da igreja do século XXI. Os acontecimentos catastróficos que ocorrem no mundo são ímpares na história da humanidade. Fome que assola grande parte da população mundial, guerras e rumores de guerra que ecoam por todos os continentes, inclusive a América do Sul. Terremotos e Tsunami que têm arrasado os países da Ásia, EUA e mais efetivamente o Brasil, onde até pouco tempo as afirmativas dos geólogos eram de uma impossibilidade de tremores em solo brasileiro por ser a placa tectônica muito antiga.
Mas que relação tem a ver as questões das turbulências mundiais e do retorno de Cristo, com a Noiva de Cristo? Muito a ver. Por que na sua primeira instância Cristo vem conduzir a Igreja até a Sua presença nos ares e isto indica que a Igreja será primeira a receber avaliação, julgamento, reprovação ou aprovação quando este momento histórico da humanidade, citado por Mateus, se fizer totalmente evidente no “mundus vivendi” da humanidade.
O apóstolo João define em Apocalipse características das igrejas para dar um alerta das condições negativas que algumas podem ser envolvidas e não perceberem as reais condições que a conduzirão a um estado de reprovação diante de Cristo. Destas, desejo destacar a Igreja de Laodicéia e o que nela deve-se ter o cuidado de evitar para não estar desqualificada nos tempos derradeiros que se aproximam.
A- OBRAS QUE NEGAM A EFICÁCIA DA GRAÇA –v-15
Quando o apóstolo define a palavra morno para a igreja, sua idéia enfatiza que o perigo se encontra por não possuir uma definição: ou há frieza da hostilidade ao evangelho ou há rejeição da fé, ou há perda do zelo e fervor.
Quando somos indiferentes aos princípios de Deus para a nossa vida, nossa atitude e ações negam completamente a eficácia da graça de Cristo em nós. O que fazemos o que falamos o que cremos emitem um som descompassado com a verdade bíblica. O que dizer dos acontecimentos acentuados que se manifestam de forma ativa no corpo de Cristo no desenfreado índice de traições, mentiras, roubos, escândalos variados, ausência de compaixão, mente maquiavélica, e etc?.
O grande escritor CSLewis disse uma vez em um dos seus clássicos entitulado “Cartas ao Inferno” ao descrever a narrativa entre o tio e o sobrinho (demônios personalizados na figura de Morcegão e Cupim) que se correspondiam, quando o tio diz ao sobrinho que “procurassem tirar do centro da mente do cristão tudo aquilo que era princípio e jogasse para a periferia de sua mente e tudo o que era superficial jogasse para o centro de sua mente”
Quais são os princípios da Palavra que se têm deixado na periferia da nossa mente? Não é exatamente por isso, que tantas superficialidades têm tomado espaço e conduzido a Igreja a ações sem a eficácia da graça?
As nossas obras são ditadas pelo nosso posicionamento e convívio com Deus. O que somos, somos pela referência em nossa prática convivencial com o Criador. - frio, morno ou quente.
B. PODER QUE SE ESTABELECE NAQUILO QUE É TRANSITÓRIO – v-17
O segundo momento que João traz como alerta é quanto à questão do poder.
O lugar onde se encontrava a igreja de Laodicéia era um lugar próspero. Possuía um florescente centro financeiro. Não era de se esperar que este fosse uma das colunas que a igreja encontrou para se mostrar poderosa, forte, com voz ativa para determinar sobre as vidas de pessoas e para exercer cegamente suas atividades espirituais em nome de Deus.
A igreja do presente século, caminha a passos largos para o mesmo erro. A priorização, não se encontra no poder do Espírito Santo, mas no poder das condições transitórias humanas. O poder aquisitivo acentuado, os templos suntuosos, o materialismo como plataforma da benção divina e o “eu” como o senhor são as veias que conduzem o que é transitório a algumas igreja.
Num paralelo com Atos 3, o discurso de Pedro se mostra diferenciado pelo poder do Espírito. “Não tenho prata nem outro, mas o que tenho, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, levanta-te e anda” (Atos 3:6). O poder da Igreja ainda se encontra no poder do Espírito Santo. A operosidade de Deus só se faz presente quando Ele mesmo é o centro das atenções. Não é o poder humano no ter que faz a igreja de Cristo ser poderosa. O poder que Deus deseja de sua Igreja hoje é o poder que Ele mesmo possa se manifestar por meio da vida de cada membro, não pelo que se tem, mas pelo que se é na misericórdia de Cristo Jesus
C- SALVAÇÃO A QUALQUER PREÇO NÃO REPRESENTA A VERDADE DE CRISTO –v-18
Os dias são dias amargos e de confusão no campo da verdade. O momento que a igreja vive é de turbulências nas questões espirituais e teológicas.
Se por um lado a ênfase hoje é da salvação vendida a qualquer preço, do outro, o preço não é um qualquer segundo o apóstolo amado. A expressão “aconselho-te que de mim compres ouro provado” (Ap. 3:18ª) é um convite a Igreja buscar aquilo que é puro ao extremo, sem escórias.
No presente momento, a teologia e o espiritual têm sido assoreados pelas inverdades de uma hermenêutica de interesse dos falsários da fé.
Não é somente uma questão de mundanismo, como se costuma dizer,. Mas é muito mais profundo. Foi aquilo que Paulo chamou de Filosofia (Col. 2:8), ou como explica Ralph Martin “dominar os segredos do universo mediante seu conhecimento” (1991, p. 89)[1]. A teologia bíblica passou a ser, para estes, um campo de domínio que expressa os conhecimentos inverídicos da religião por meio da Palavra de Deus. Infelizmente, a similaridade da Igreja do século XXI com Laodicéia é indiscultivel.
Conclusão: Precisamos entender quais são as prerrogativas que a igreja deve estar alerta para estes dias, se não finais, próximo do que Mateus no relata.
- A Palavra (verdade) deve ser adquirida porque é a única verdade e seu brilho nunca apaga.
- A santidade (pureza) deve ser o que cobre a vida do participante da comunidade cristã
- A visão (clareza) espiritual seja restabelecida para enxergar as grandezas de Deus.
Como igreja não podemos desaperceber destas coisas, pois elas nos desqualificaram diante do Autor e Consumador de todas as coisas. Que possamos como igreja estar em vigilância e tomar as devidas providências do que ocorre no meio da koinonia. Igreja não é mera reunião de pessoas com seus destinos na pobreza espiritual, mas pessoas destinadas a viver uma riqueza espiritual terrena e eterna com Deus.
Eduardo R. da Silva
Vice-reitor da STNB
[1] Colossenses e Filemom: introdução e comentário. Mundo Cristão
Um comentário:
Olá pastor Eduardo, sempre é bom ler os seus artigos.
continua.
Clayton
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