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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

A IGREJA QUE DEUS AMA - A IGREJA QUE AMA


Vivenciamos dias que a grande ênfase de uma igreja abençoada é aquela que expressa uma acentuada atividade, movimentos, ministérios e uma expansão numérica expressiva.
Não deixa de ser verdade que estas coisas são benéficas e indicadores de um crescimento corporal da igreja, mas nunca serão indicadores de um crescimento espiritual maduro.
A temática do mundo pós-moderno, quanto ao avanço do Reino, tem sido caracterizada por uma preocupação massificada de inflar este tipo de pensamento em nossos dias. Igreja boa é igreja que se enquadra dentro destas categorias de catalogação humana.
Por isso vemos a priorização para tanto congressos, conferências e encontros pautados para um crescimento corporal, carregado de sistematizações e normas como métodos de avanço ao desenvolvimento da igreja, porém raramente conseguimos pontuar para um avanço que venha reestruturar o interior da alma e que produza, em primeira instância, o amor de Deus nos corações tendo como alvo prioritário o seu semelhante.
Um estudo mais apurado no livro de Atos e nas cartas de Paulo vamos detectar que as coisas não são bem assim. A proposta de crescimento e amadurecimento da igreja sempre estiveram ancorados em cima do que Paulo chama de “caminho mais excelente’, onde ele escreve uma das mais belas orientações do que realmente deve ser a igreja ( I Co 13).  

Uma das questões que a igreja deve resgatar é a de ser condutora da salvação aos homens e que todo o projeto de sua existência  tem seu núcleo na atitude do Eterno: “Deus amou o mundo de tal maneira que se deu...”, consecutivamente, se o gerador da igreja (Deus - amou) a atitude que ela dever exercer deve ser idêntica. Deveria ser diferente?

Nesta perspectiva, Paulo vai tratar com a igreja de Corinto, o verdadeiro significado do seu papel no contexto onde atua, a espiritualidade não é indicativo de uma igreja sã. Sem amor, ainda que as línguas dos homens e dos anjos sejam articuladas nada mais se tornam em uma religiosidade vazia.
Dons não são indicativos de uma igreja sã. Sem amor, ainda que se exerça qualquer tipo de dom, até o de profetizar, é somente uma expressão do enaltecimento do eu.
A fé não é um indicativo de uma igreja sã. Sem amor, ainda que exerça prodígios e milagres, se torna em um misticismo desenfreado.
Caridade também não é indicativo de uma igreja sã. Sem amor, ainda que se exerça a prática de doar todos os bens resulta em uma insana pobreza. O altruísmo, a ponto de doar sua vida, infelizmente também não se torna um indicativo de uma igreja sã. Sem amor, ainda que se chegue a tamanha façanha, é martírio sem proveito.

A Bíblia nos ensina que o verdadeiro crescimento e amadurecimento se processam no fato que cada um de nós devemos olhar o nosso irmão com os olhos do amor. Qualquer coisa que a igreja realize e traga como indicativo de crescimento corporal, deve primeiramente estar fundamentada neste princípio (amor), estabelecido na presciência de Deus (citado em Efésios 1). que olha e se identifica com o homem em suas carências nesta peregrinação. Isto deve ficar bem claro em nossa teologia. A igreja que Deus ama é a igreja que tem em sua prioridade o valor da vida humana, ou seja, a igreja que ama ao que é feito a imagem e semelhança do Criador.

Um grande erro do judaísmo foi ter a Torá como indicativo de uma ordenança castrativa e punitiva ao próximo, nunca como um ato de amor, no período de Paulo o erro da igreja foi a sua má hermenêutica das exigências do evangelho que englobava todos carente da graça de Deus e consecutivamente todos interdependes do amor fraternal. A igreja medieval errou no separatismo entre o amar e o santificar. Santificar era rejeição da realidade dos perdidos em pecado e a manutenção da pureza no claustro dos salvos. Na pré-reforma, a igreja priorizou seus interesses de conquistas terrenas e concedeu nas indulgências o meio de “amar” aos perdidos na terra e de abrir uma concessão de morada no Reino eterno diante de Deus. Na modernidade a igreja priorizou a libertação, não do pecado, mas dos sistemas sociais e políticos. O amar ficou caracterizado por esta oposição a opressão, mas não por uma posição que levasse uma conscientização do envolvimento da igreja com as carências da alma. Amar era libertar a matéria do reino opressivo humano. Na pós-modernidade, o amar virou sinônimo de interesses. Amar, em boa parte do contexto religioso evangélico brasileiro, se tornou captação de recursos materiais dos carentes de amor e a conquista dos carentes de amor em seus interesses terrenos. Amar se torna a expressão do cuidar não para a eternidade, mas do cuidar para o terreno. A permissividade destas realidades, independente da égide que se esteja submetida a igreja é fato e crônico na atualidade.

Contraste final - Todos os ativos da praticidade cristã em cada membro do corpo (espiritualidade, dom, crença, caridade e altruísmo) devem ser regidos pelo amor de Cristo na vida da igreja, caso contrário, toda a sua proposta em dar ênfase a sua construtividade corporal, não tem nenhum peso diante de Deus. O contraste é bem verificável, quando o próprio Cristo se refere as igrejas em Apocalipse no cap. 2 e 3. Se o “ainda que”, traz conforto ao homem em sua manutenção religiosa qualificada pelo seu senso de aprovação, fatalmente se choca com o “Conheço” no senso de aprovação de Cristo em Sua exigência divina.
É bom lembrarmos que Paulo, de forma nenhuma, anula ou deseja dar ênfase que estes cinco princípios não sejam importantes. Aliás, se verificarmos a teologia de Tiago iremos detectar como é importante a prática destas coisas na vida da igreja. Porém, elas devem ser desdobramentos do amor de Cristo em nossos corações para com o nosso semelhante.
Em suma, a carta que Paulo escreve a amada igreja de Coríntio é um alerta da futilidade da religiosidade sem a observância do primordial – o amor.




sábado, 31 de março de 2018

O TÚMULO VAZIO




É importante lembrar, neste momento em que mais uma Páscoa é comemorada pela igreja, os
 reais destaques que o texto mostra como princípio de observância para a vida cristã.
Páscoa, continua sendo na mente de muitas pessoas um momento de celebração para
presentear com ovos de chocolate (Alemanha XVI), a isto,  muitos da igreja, pensam o
mesmo. Também é um tempo de religiosidade de muitos na preservação do ingerir somente peixe  (Tradição Católica), das procissões do  Cristo morto (Pe Paulo de Portalegre XVI),das romarias (Portugueses-XVIII), das  cantatas, teatro encenado e o de sombras (Igrejas Cristãs) e etc.

O apóstolo João ao escrever o seu evangelho faz uma narrativa no capítulo 20 sobre  os
acontecimentos da ressurreição de Cristo. Aqui João destaca, como nos sinóticos, os acontecimento da maior envergadura que a história da humanidade já pode presenciar - 
ressurreição de Cristo, e nos arremeter a um outro lado que ensina este momento. 
Interessante, é que o discípulo amado parece desejar ressaltar algumas lacunas importantes da
alma e que se mostra desprovida de significado do Reino, pela  incapacidade de se desprender do        que rege o curso normal da vida.
Em primeiro lugar, no verso 2, o discípulo amado nos conduz a necessidade de uma fé genuína em Deus. Quantas vezes em nossa vida temos a maior dificuldade de crer que Deus pode realizar o impossível.
Maria, com certeza, deve ter várias vezes ouvido sobre a ressurreição nas repetidas deixas de Jesus em seus ensinamentos. Ela era uma mulher presente ao ministério de Jesus. Sua vida foi de total dedicação a seguir ao Mestre, depois que ela foi liberta de possessões demoníacas.
Tiraram do sepulcro o Senhor”foi o que se ouviu de Maria ao entrar no espaço do morto. Sua total falta de compreensão  do poder de um Deus imensurável que estar além de nossa capacidade de razão foi sua lacuna da alma.Sem fé é impossível agradar a Deus” firma o autor aos Hebreus. 
O cristão nunca deve pensar nas ações de Deus dentro de sua lógica racional, ela ofusca a verdade dos milagres que podem vir a ser realizados no meio de nós, em nós e por nós. Deus sempre é não lógico, para os lógicos. A ressurreição era a ilogicidade da lógica de um morto que desapareceu. Fé era necessário para crer no impossível.

Segundo lugar, no verso 9, "...não tinham compreendidos as Escrituras..." nos arremete a dificuldade que  Maria, mas certamente os discípulos (como cita o texto)  não possuíam a total clareza deste momento ímpar que as  Escrituras Sagradas expunham tão abertamente ao longo do ministério de Jesus pelos seus ditos e pelos Escritos Judaicos.
S   Se lembrarmos bem, um pouco antes no capítulo 3 do evangelho de João, Nicodemos, doutor da lei, teve uma dificuldade muito grande de compreender as exigências para entrar no Reino de Deus, pois o seu discernimento das verdades divinas se fazia só no campo do cognoscível, das interpretações rabínicas mas não alçava  para o campo da iluminação do Espírito. 

Os personagens envolvido aqui perderam a oportunidade de desfrutar do grande momento de louvor ao Majestoso Deus do impossível e compreender que vivenciavam do acontecimento profético da ressurreição. Alguns, como Maria preferiu dar vazão ao seu sentimento de perda e de buscar recursos,da situação que vivia, nos discípulos correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulos...” no verso 2b,
Nos últimos dias, muitos perderão a oportunidade de compreender o retorno de Cristo por buscarem soluções, no transcurso de sua história, em homens e não nas Escrituras e darão continuidade, mesmo depois deste acontecimento profético, de forma não iluminativa do Espírito por não a compreenderem o intangível. Para os incautos, um alerta, Deus age na história cumprindo o que já está à disposição da humanidade - Sua revelação. A igreja é privilegiada em tê-las, discerni-las, cumpri-las e entendê-las dentro da história.

Por fim, diz o texto no verso 11 que "Maria permanecia na entrada do túmulo chorando". A capa caiu!  Uma atitude enraizada nas efemeridades da vida humana, até então escondida durante a caminhada com Jesus, se materializa. . Muitas vezes, se esconde no profundo da alma,  aquilo que adoramos usufruir, de tirar proveito, o que nos beneficia. Quando nos vemos sem elas caímos num estado de depressão e vazio como se o mundo tivesse se desmoronado a nossa volta. Choramos pela perda da futilidade e abrimos mão  da  total satisfação em Deus. Continuamos ligados ao velho passado e abortamos aquilo que deveríamos adquirir em Deus na adversidades da vida.
Maria, não podia dimensionar que a morte de Jesus e consecutivamente o seu corpo desaparecido no túmulo traziam implicações de redenção a toda humanidade. A morte era uma perda já prevista na missão de Cristo ao mundo para o ganho em oportunidade a humanidade de perdão de seus pecados. O desaparecimento do corpo era a prova que a morte fora vencida e portanto  um estado de não condenação havia sido instaurado com a ressurreição para os que deixassem de ser presos por suas perdas.  Deus requer que as perdas sejam transformadas numa visão real do incompreensível ganho em Deus.

Crer no impossível, discernir o intangível  e viver no incompreensível.  Isto é Ressurreição!